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Dermatologia 
Saiba mais sobre alopecia
areata, doença que ganhou destaque no Oscar 2022
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ENTREVISTA: BENI GRINBLAT, MÉDICO DERMATOLOGISTA

 

ZENTA: O que é alopecia areata?

 

BENI GRINBLAT: Alopecia areata é uma doença autoimune, relacionada à queda de cabelo. Um quadro super benigno, não contagioso. 

 

O mais comum são pequenas "falhas", tem gente que chama isso de "pelada". Fica "um buraco", uma falha no couro cabeludo. Na verdade, o lugar mais comum é no couro cabeludo, mas pode ser em outras áreas do corpo, no lugar da barba por exemplo. Mais comum são essas formas localizadas que a gente chama de alopecia areata em placa, mas existem formas mais severas em que elas são mais difusas, então tem alopecia areata, que chamamos de "total" quando pega todo o couro cabeludo, tem a que chamamos de "universal", quando pega os pelos do corpo todo, então fica todo o corpo sem pelo.

 

Z: Quais são os principais sintomas? 

 

B.G.: Na verdade não podemos falar de sintoma. O que faz o diagnóstico é a falha do couro cabeludo mesmo. Falo de couro cabeludo de novo, por ser o mais comum.

 

Z.: Que médico especialista procurar e que exames podem ser feitos?

 

B.G.: Procurar o dermatologista para fazer o diagnóstico até porque nem toda queda de cabelo e toda falha é alopecia areata.

Normalmente, no exame clínico a gente já faz o diagnóstico e muitas vezes, com auxílio de um aparelho, que é o dermatoscópio, faz a dermatoscopia. Mas muitas vezes nem precisa, só com o exame clínico o dermatologista já consegue saber.

Exames laboratoriais,  geralmente, nem chegamos a pedir, a não ser que se queira investigar alguma outra doença autoimune. Por exemplo, tem associação, em alguns casos, com a doença da tiróide. Aí você vai fazer alguns exames para ver se tem alguma tiroidite autoimune. Mas para alopecia areata você nem precisa de exame. A não ser que você queira fazer exame também para investigar uma possível causa.

 

Z: Quais as causas?

 

B.G.: Como é um quadro autoimune, não se sabe exatamente, mas pode ser desencadeado por algum 'gatilho'. Pode ter associação com alguma outra doença autoimune, da tireoide por exemplo ou pode ser então desencadeado por um quadro infeccioso ou então por algum estresse emocional. Esses são gatilhos, que não podem ser chamados de causas, mas podem ser fatores desencadeantes.

 

Z: Quais são os tratamentos?

 

B.G.: Existem várias opções de tratamento, dependendo se é localizado ou um quadro mais extenso, mas existem opções de tratamento. Às vezes com remédio de uso local, às vezes se faz algumas infiltrações na lesão, com bastante corticóide, seja de uso local seja  intralesional, injetado dentro da lesão, ou, em alguns casos, tem que entrar com medicações imunossupressoras. Tem algumas medicações, dependendo da gravidade do quadro.

 

Z.: Ocorre em todas as idades? Em homens e mulheres?

 

B.G.: Pode acontecer em todas as idades sim,  acontece tanto em homens quanto em mulheres. Não sei se a proporção é exatamente igual de homem para mulher, mas vemos que acomete os dois.

 

Z.: Quais os tipos de alopecia? Quais as causas?

 

B.G: Alopecia é queda de cabelo, então você tem vários tipos, várias causas para a queda de cabelo, a alopecia é inclusive uma delas. Você tem a que é bastante comum que é a alopecia que a gente chama de androgenética, que no homem a gente chama de calvície. Tem a alopecia androgenética também na mulher, e essa é uma outra forma. Aí você encontra outras doenças que levam à queda de cabelo. Você tem a alopecia de tração, por exemplo, quando uma pessoa usa muito rabo de cavalo, cabelo muito preso, então faz uma tração e você pode perder o cabelo na área da fronte. Tem doenças que podem dar uma alopecia que chamamos de cicatricial, que, além de perder o cabelo, é como se fosse uma fibrose, aí seria uma alopecia muitas vezes mais difícil de tratar ou até mesmo irreversível. Tem outras que dão queda de cabelo. As mais comuns a gente chama de eflúvio telógeno, que é aquele caso em que a pessoa se espanta quando passa a mão no cabelo e sai um chumaço, cai muito, o que temos visto mais agora, inclusive, após a Covid-19. Há muitas causas.

Beni Grinblat é médico dermatologista do Hospital Israelita Albert Einstein e colaborador do Ambulatório de Terapia Fotodinâmica do Hospital das Clínicas da USP.

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