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ENTREVISTA: BETINA ABADI SZKLO E ANDREA PAZ, FONOAUDIÓLOGAS

 

ZENTA: Quais os principais impactos da perda auditiva?

BETINA ABADI SZKLO.: A dificuldade na comunicação gerada pela perda auditiva pode causar diversos problemas nas relações sociais. Isto gera um isolamento, pois muitas vezes existe uma negação em aceitar a perda auditiva e procurar ajuda.

Se não tratada, a perda de audição pode levar as pessoas a serem excluídas da comunicação mais básica, contribuindo assim para sentimentos de solidão, frustração e isolamento social. A perda de audição em idosos está relacionada com declínio cognitivo precoce e demência. A perda auditiva relacionada à idade pode ser gerenciada efetivamente através de uma variedade de meios, incluindo aparelhos auditivos.

A utilização de aparelhos auditivos e sua adaptação restabelece a comunicação. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase “1 de cada 3 pessoas com mais de 65 anos são afetadas pela incapacidade de perda de audição”.

 

ANDREA PAZ: A audição é uma das principais vias pelas quais o ser humano interage com o meio, sendo um dos sentidos mais importantes. Além disso, tem uma função bastante complexa e primordial na comunicação humana e preservação da espécie. É por meio dela que ouvimos e identificamos todos os sons do ambiente. Lesões nas estruturas sensoriais da audição provocam prejuízos na detecção, localização e discriminação dos sons.

 

ZENTA: Esse problema está restrito às pessoas de mais idade?

B.A.S.: Não! O uso inadequado de fone de ouvido pode causar perda auditiva. Sabemos que, hoje em dia, os fones de ouvido fazem parte da rotina das pessoas, principalmente das mais jovens. O uso frequente e contínuo dos fones e volume alto podem causar perda auditiva e zumbido. Pesquisas apontam que, se os jovens continuarem a se expor a níveis altos de ruídos, que é o que ocorre atualmente, poderão apresentar perda auditiva por volta dos 40 anos. Isso porque o som em alta intensidade e durante horas por dia pode causar danos no nosso ouvido interno.

 

A.P.: Vivemos em um mundo cada vez mais ruidoso e, junto com isso, temos um aumento de uso de fones de ouvido, trazendo prejuízos à nossa saúde auditiva.  Estamos cada vez mais conectados aos aparelhos eletrônicos, como celulares. Tais equipamentos estão se tornando acessórios indispensáveis no dia-a-dia das pessoas. 

Por este motivo, os problemas auditivos deixaram de ser preocupação apenas para os idosos e passaram a fazer parte da vida de todos, e a perda auditiva provocada pelo uso constante de fone de ouvido possui características semelhantes à provocada pela exposição ocupacional ao ruído. Ou seja, a perda auditiva é lenta, progressiva, irreversível, do tipo neurossensorial, bilateral, acomete inicialmente as frequências altas e depois as demais frequências.

 

Z.: Como evitar maiores danos?

B.A.S.: As dicas para minimizar os efeitos são:

  • reduzir o tempo diário da utilização do fone;

  • deixar o volume no máximo em 60 dB;

  • escolher o tipo de equipamento: dê preferência para os fones externos por não serem tão invasivos.

 

A.P.: A maioria desconhece que a música em forte intensidade e/ou com uso por muitas horas seguidas pode afetar a audição e causar danos extra-auditivos, como irritabilidade, falta de concentração e insônia. Além da capacidade sonora elevada dos dispositivos, o tipo de fone utilizado também é fator de risco, principalmente os fones do tipo inserção, que intensificam a transmissão sonora, por estarem diretamente inseridos no meato acústico externo e conduzirem toda a pressão sonora para dentro da orelha média e, depois, para a orelha interna, sem nenhuma proteção. Não permita que o mal uso prejudique sua audição e interfira no prazer em ouvir. Use fones de ouvido de forma consciente. Se utilizar em volume adequado e na quantidade diária correta, poderá usufruir de sua saúde auditiva por mais tempo.

 

 

Betina Abadi Szklo é fonoaudióloga formada pela PUC/SP em 1982, com especialização em fonoaudiologia clínica, nas áreas de motricidade oral, distúrbios de fala, distúrbios de linguagem oral e escrita e distúrbios neurológicos. 

Andrea Paz é fonoaudióloga especialista em audiologia e doutora pela PUC-SP.

Fotos: Betina Abadi Szklo (de blazer preto); Andrea Paz (de avental branco).

Fonoaudiologia
Atenção redobrada sobre a perda auditiva e o uso de fones de ouvido, alertam especialistas
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