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CARDIOLOGIA: Você tem cuidado bem do seu coração?





ENTREVISTA: AMÁLIA PELCERMAN, CARDIOLOGISTA


ZENTA: Com que idade é ideal começar a se consultar com um cardiologista? E qual é a periodicidade?


Amália Pelcerman: A respeito da idade ideal para se consultar com cardiologista, depende. Se houver sintomas, não há limite de idade. A criança é consultada desde o nascimento e, se for detectado algum problema, será acompanhada por toda a vida. Por sua vez, o adulto será instado a procurar o especialista se iniciar programas de atividades físicas mais intensas. A mulher possui um “colchão” de proteção que é o estrógeno, o hormônio feminino. A partir da menopausa, a chance de ter uma doença cardíaca se equipara à do homem. A periodicidade indicada é de um ano para rotina e semestral para quem apresentar alguma anomalia.


Z.: Quais são os sintomas típicos de uma doença cardíaca?


A.P.: Os sintomas mais frequentes de que “algo não anda bem com seu coração” são cansaço, falta de ar, palpitações, dores no peito, costas, braços e mandíbula. Às vezes, a doença cardíaca é silenciosa, por isso se recomenda um check-up anual.


Z.: A gordura abdominal aumenta a probabilidade de um problema cardíaco?


A.P.: Gordura abdominal deve ser investigada. Ela é um sinal, não um sintoma. Pode ter várias causas, desde a mais simples até a mais complicada. Muitas vezes ela faz parte de uma síndrome, a metabólica, que é um conjunto de alterações no organismo que aumentam a chance de doença cardíaca.


Z.: Até quanto pode estar o LDL ou colesterol "ruim" para que não haja comprometimento cardíaco? E qual o valor ideal do HDL colesterol "bom"?


A.P.: O LDL é um componente do colesterol que prejudica as artérias, causando obstruções. Já o HDL é o componente benéfico, ele “limpa” as artérias. Por isso é importante este equilíbrio entre um e outro.

No adulto, o nível proibitivo de LDL é 100, porém se houver outra doença, comorbidades, como hipertensão e/ou diabetes, este nível deve estar abaixo de 70.

O HDL no homem deve ser maior que 40 e, na mulher, acima de 50. Quanto mais alto o nível de HDL, mais proteção é conferida.


Z.: Como o histórico familiar afeta o diagnóstico de risco de doenças cardíacas?


A.P.: O único fator de risco inevitável é a genética, o histórico familiar. Não quer dizer que, se alguém na família sofreu um infarte, todos os outros seguirão o mesmo caminho. O DNA mostra uma tendência, a carga genética, que aumenta a chance de desenvolver problemas cardíacos, ou seja, esta pessoa deve cuidar mais do estilo de vida para suprimir os fatores de risco evitáveis que descreverei em seguida.


Z.: O que é importante fazer para evitar doenças cardíacas? Que hábitos devem ser mudados?


A.P.: Fatores de risco evitáveis são tabagismo, obesidade, sedentarismo, álcool e drogas. Fatores de risco modificáveis, que também podem ter influência genética, são diabetes, dislipidemia (colesterol e triglicérides), estresse e hipertensão. Estas doenças muitas vezes não se manifestam, são silenciosas, porém traiçoeiras. Precisam ser descobertas precocemente para se instituir modificações de hábitos e, por vezes, tratamentos, para mudar a evolução natural da doença. Por isso se preconiza o check-up cardiológico anual sem idade ideal para começar.

O cuidado com a saúde deve começar na infância e continuar por toda a vida. Exercícios, pelo menos 20 minutos por dia, são essenciais para fortalecer a musculatura, queimar calorias e emagrecer, além de dieta saudável.

Evitar fumar, desde cigarro, cachimbo, charuto até narguilé. Sabia que uma hora fumando narguilé equivale a 100 cigarros?

Evitar álcool em excesso e, claro, drogas que causam dependência química e que também contribuem com doenças cardíacas precoces.

Não menos importante é manter o interesse na vida com leitura, entretenimento, meditação, nem que seja por cinco minutos, conhecimento através de cursos e contato com amigos e parentes são fundamentais para o coração, atualmente só permitidos virtualmente.

Manter-se ativo, trabalhar no que gosta, de preferência próximo de casa, ter atitudes positivas, ser solidário e praticar a empatia fortalecem este músculo vital.



Dra. Amália Pelcerman, Cardiologista formada pela Escola Paulista de Medicina, hoje Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Graduada em 1975, com especialização em Cardiologia na mesma universidade. Curso de extensão em Geriatria pelo Hospital Municipal. Mestrado em Medicina de Urgência - Medicina baseada em evidências pela Unifesp. Curso de extensão em Humanidades no Centro de História e Filosofia da Unifesp.


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