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Empreendedor 50+ - Parceria de sucesso: pai prepara saborosas tortas e filho entrega de bicicleta



ENTREVISTA: DIEGO SALGADO, filho de ANTÔNIO CARVALHO, cuida da comunicação do empreendimento


ZENTA: Quando vocês começaram a empreender e quantos anos seu pai tinha?


DIEGO SALGADO: A gente começou a empreender em maio de 2020, no segundo mês da pandemia. O meu pai estava com 63 anos na época, agora está com 64, e ele era motorista de aplicativo desde 2015.


Z.: Qual é o empreendimento de vocês?


D.S.: Por causa da pandemia, ele teve que ficar em casa e as contas começaram a acumular. A gente ficou muito preocupado e a namorada dele deu a ideia de que fizesse essas tortas congeladas que ele sempre fez nos almoços de família. Ele sabe cozinhar muito bem.

Conversei com meu pai e fiz uma postagem no Twitter. A postagem viralizou! Para você ter uma ideia, chegaram 800 mensagens na primeira noite e ele começou a fazer as tortas a partir de 25 de maio. A gente está com quase 4500 tortas vendidas hoje, em menos de dez meses. Vai dar dez meses agora, no dia 25 de Março.

Meu pai faz dentro da casa dele, eu entrego de bicicleta para que ele fique em casa isolado na pandemia. É lógico que depois a gente pensa em expandir, abrir uma loja talvez, mas, neste momento, enquanto as coisas estiverem bem complicadas, meu pai continua em casa seguro e eu vou para a rua pedalar para entregar essas tortas que ele faz.


Z. Por que escolheram essa área para empreender?


D.S.: Meu pai sempre cozinhou muito bem. Nunca fez nada para vender, mas sempre foi muito bem. Essa torta é uma receita de família, a massa é receita do meu avô. E o recheio é da minha avó, o recheio de frango. Minha avó mora com meu pai ainda, meu avô já é falecido. É uma receita que acompanha muito a nossa família.


Z.: Como se prepararam para iniciar esse empreendimento?


D.S.: Tivemos que aprender a fazer as coisas com o negócio andando, porque, como chegaram muitas mensagens logo no começo, a gente teve que se adaptar rapidamente.

O meu pai estava sozinho no começo. Fazia 12 tortas por dia sem nenhum equipamento. Hoje, ele está com uma ajudante. A gente também comprou equipamentos.

A entrega sempre foi de bicicleta. Antigamente, a gente vendia cerca de 70 por semana, hoje a gente está na média de 110 a 115 por semana, e continua sendo tudo de bicicleta.

Conto agora com a ajuda de um entregador, um amigo que faz de bicicleta também, mas a gente não estava muito preparado para o começo, porque chegaram muitos pedidos. Tivemos que correr bastante no início, hoje a gente já está mais tranquilo, sinto que a gente já pegou o jeito da coisa.

Temos dois equipamentos em casa, um para fazer massa e um forno industrial de pequeno porte e isso ajuda bastante. As coisas estão mais fáceis, mas no começo foi muito difícil porque eu também não estava acostumado a pedalar tanto por uma cidade, com peso nas costas. Mas hoje a gente já está muito mais adaptado.


Z.: Tiveram algum exemplo ou inspiração?


D.S.: Não tivemos nenhuma inspiração. Principalmente agora, na pandemia, tem muita gente fazendo coisas em casa e vendendo pela internet. Eu fico muito feliz com isso, a gente tem sempre que se apoiar, mas a ideia foi da namorada do meu pai mesmo. Ele na hora não acreditou muito que ia dar certo, porque talvez não tenha noção da força da rede social, se bem feita.

Mas deu muito certo. Eu até me lembro que falei para ele assim, pai eu prometo vender 50. Isso a gente vende porque tem o grupo de WhatsApp, amigos, parentes, então 50 venderemos, tranquilamente. E aí, para o nosso espanto, a gente vendeu 300 na primeira semana. A gente já pode dizer, até conversei com meu pai esses dias, que ele já não é mais um motorista de aplicativo. Hoje em dia ele é um cozinheiro e dono de um empreendimento que tem tudo para dar certo. Estamos trilhando um caminho bacana.


Z.: Quais foram as maiores dificuldades e conquistas?


D.S.: As maiores dificuldades foram justamente se adaptar a uma pandemia. Meu pai teve que ficar isolado, está isolado até hoje, então ele teve que resolver tudo lá do apartamento dele. Fazia as coisas tudo na mão, fazia a massa, abria a massa na mão também. Hoje ele tem ajuda de uma cozinheira, a Elisete, que faz um trabalho sensacional, e as máquinas também ajudam muito. Mas a maior dificuldade foi também enfrentar as condições que estavam postas. As conquistas, eu acho que a gente celebra sempre quando chega às marcas de mil, duas mil, três mil, quatro mil tortas! Então é muito emblemático, porque justamente a gente tinha o objetivo de vender 50 e hoje já estamos perto das cinco mil. Acho também que, quando um cliente retorna (temos muitos clientes que são fiéis à torta), é muito legal. Já temos mais de dois mil clientes, muitos deles voltam, e isso é sensacional. Mostra que o nosso produto é bom, que o nosso serviço é bom, e isso deixa a gente muito contente, principalmente meu pai. Até o humor dele melhorou. Eu costumo dizer que ele está vivendo a melhor fase da vida dele, acho que ele se encontrou. Lembro que, na época em que ele era motorista de aplicativo, estava sempre um pouco mal-humorado, sempre reclamava bastante das condições de trabalho, e hoje em dia está muito contente. Embora a gente atravesse um momento muito complicado na história, de pandemia, ele está muito contente, está recebendo muitos elogios e isso ajuda bastante. Então ele fica muito satisfeito com tudo o que está acontecendo.


7. Qual é o diferencial do seu produto/serviço?


D.S.: Acho que o nosso primeiro diferencial é que meu pai está com uma mão muito boa. Eu sempre brinco com ele que está cozinhando "pra caramba", está surpreendendo muita gente. Talvez o nosso diferencial seja, justamente, a entrega de bicicleta, porque conseguimos fazer um preço mais justo da entrega, já que a gente não gasta gasolina, é só na perna mesmo. Então acho que esse diferencial é bem claro, até porque eu estou fazendo também para proteger o meu pai. Eu estou fazendo toda essa correria justamente para que ele fique lá protegido e não tenha que voltar a ser motorista de aplicativo, que é uma atividade muito complicada hoje em dia, em meio à pandemia.


Z.: Quais as dicas para quem quer empreender?


D.S.: Eu acho que a dica para empreender é principalmente ficar atento às redes sociais. Ter uma comunicação clara ali, mostrar tudo que envolve seu projeto e ter uma comunicação muito próxima do seu cliente. Conversar com ele, ouvi-lo, para melhorar cada vez mais. E outra, se atualizar sempre. A gente começou com dois sabores, frango e palmito, com e sem requeijão, e aí, à medida que os meses foram passando, a gente colocou carne seca e calabresa. É sempre importante ter essa atualização do cardápio. Até para ganhar novos clientes, estamos sempre muito preocupados com isso. Utilizar as redes sociais é fundamental para que as vendas fiquem sempre em alta. Eu mesmo faço as redes sociais. Sou jornalista e tenho um pouco mais de facilidade com isso, embora em nossos planos esteja, mais para a frente, contratar uma agência para que cuide disso. Acho que é fundamental para o negócio, é importante para que se mantenha em alta.


Z.: Como você avalia o valor da sua experiência para o sucesso do seu empreendimento?


D.S.: Eu acho que eu posso responder pelo meu pai. Ele já passou por muita coisa, já morou fora do país, já teve muito trabalho. Vejo que ele encara as coisas com mais tranquilidade. Então acho que a experiência que ele teve de vida é fundamental, por isso, já que não é fácil. Tem feito muitas tortas, tem trabalhado muito. Mas é justamente tudo que ele passou que o deixa mais tranquilo para que as coisas fiquem mais fáceis. Também o próprio sucesso que a gente tem tido tem deixado ele com espírito muito bom. Eu até falo para ele que eu prefiro que ele pense só na cozinha mesmo, porque acho que isso reflete na comida. Então meu pai fica na cozinha e eu peço para que ele não saia para fazer nada. Ele só sai para fazer mercado às quartas-feiras, é o único dia realmente em que ele sai. Normalmente eu pego os pedidos da semana, passo para ele o que precisa fazer e faço a parte financeira, além das redes sociais, das entregas, e monto o itinerário também, agora que a gente está com mais um ciclista. Então gosto que meu pai fique com a cabeça bem vazia para que ele tenha tranquilidade para cozinhar e que nossos produtos fiquem com a melhor qualidade.


Z.: Quais são os seus canais de vendas?


D.S.: Os pedidos podem ser feitos pelo Instagram @tortadopai ou pelo WhatsApp (11) 98089-9692. Entregamos em praticamente toda a cidade de São Paulo, mais ABC, Guarulhos e Osasco.




Fotos: Ana Oehler

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