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Especialista fala sobre hábitos digitais nos âmbitos pessoal e profissional, na Pandemia




ENTREVISTA COM SILVIA AMERICANO, ESPECIALISTA EM TECNOLOGIA

Especialista comenta sobre os efeitos da pandemia em relação aos hábitos digitais nos âmbitos pessoal e profissional

ZENTA: Como você vê o papel da tecnologia nesse tempo de isolamento?


SILVIA AMERICANO: O isolamento social está forçando rapidamente mudanças nos hábitos digitais, tanto no âmbito profissional como no pessoal. As empresas e o nosso governo enfrentaram “gaps” tecnológicos de um dia para o outro e tiveram que superá-los, mas ainda continuamos a não saber como tratar uma população brasileira que não é tecnológica e que tem grandes dificuldades de usar a tecnologia rotineiramente. São os mais maduros que sofrem com maior intensidade os impactos dos avanços tecnológicos e, agora pertencendo ao grupo de risco da Covid-19, estão em condições ainda mais desfavoráveis.


Entretanto, aos poucos estão procurando se adaptar a essa nova forma de comunicação para a sua sobrevivência. Contam com a ajuda de vizinhos, familiares, professores e pessoas do seu convívio próximo, para auxiliarem em suas necessidades com a tecnologia.


A vídeo chamada no whatsapp, como as plataformas de videoconferência, passaram a fazer parte rotineira da vida das pessoas mais velhas e isso é um ganho muito bom para aprender a socializar usando os recursos disponíveis hoje de comunicação a distância. Estão assistindo a aulas com suas professoras de academia, de arte, pesquisando mais no Youtube conteúdos de interesse próprio, estão usando mais a Internet. Isso é um outro grande ganho, pois começam a vivenciar experiências positivas com a tecnologia e, assim, as barreiras de que "não sou capaz de aprender" vão sendo derrubadas.


Essa percepção dos benefícios em usufruir a tecnologia, despertada pela necessidade, é um grande motivador para todos. Estamos sendo impactados por mudanças que vão exigir que exercitemos o novo. Nas nossas aulas, percebo que as necessidades delas passaram de sociais para também de sobrevivência, sendo um grande desafio atual.


Aquela compra de supermercado que era gostoso fazer presencialmente e que, no momento, não é recomendável, aquele aplicativo para pedir comida em casa que substitui a ida ao restaurante, aquela ida à agência bancária para fazer pagamentos, estão aos poucos sendo assimilados pelas pessoas mais maduras, mas é necessário avançarmos em oferecer um ambiente tranquilo de aprendizado, para que se sintam seguros e se adaptem.


Z.: Quais as principais dificuldades das gerações que não nasceram digitais em relação à tecnologia? Pode citar algumas dúvidas frequentes?


S.A.: As dificuldades maiores estão relacionadas ao medo de fazerem algo errado no celular, de se exporem em suas dificuldades diante dos filhos e netos que sabem bem mais, se auto avaliam como não sendo capazes em entender esse mundo digital, se irritam diante de não conseguir avançar nos comandos no celular, gerando uma experiência negativa com a tecnologia. Temos uma metodologia própria e procuramos, por meio de atividades lúdicas, ir quebrando essas barreiras, mas o importante é entendermos as dificuldades de cada um no grupo e respeitar o tempo de cada um no aprendizado.


Abaixo cito alguns desafios de pessoas com mais idade no celular:

  • Em geral os não nativos digitais têm dificuldades em usar a tela touch screen e entender as orientações que se apresentam na tela do smartphone quando navegam pelos aplicativos;

  • Desconhecem os recursos de acessibilidade como, por exemplo, o assistente de voz;

  • Não são familiarizados com termos básicos tecnológicos e sua funcionalidade como, por exemplo, dados móveis, navegador de internet (google), Wi-fi, Bluetooth, o que dificulta no entendimento dos recursos básicos oferecidos no celular;

  • Os excessos de ícones que se apresentam na tela do celular acabam gerando uma certa “ansiedade” por acharem que precisam entender de muita coisa, daí a importância de organizar os ícones dos principais aplicativos de uma maneira fácil para a pessoa e ensinar o que de fato é significativo;

  • Desconhecem como baixar aplicativos na store do celular;

  • Se sentem inseguros em informar os dados de cartão bancário dentro de um aplicativo.

Algumas dúvidas:

  1. Como incluir um novo contato telefônico;

  2. Onde posso baixar um aplicativo como Zona Azul digital e Spotify no celular;

  3. Como editar uma foto no celular;

  4. Como sair de um grupo no whatsaApp;

  5. Como agendar um horário no alarme do aplicativo relógio (despertador);

  6. Como pesquisar na Internet.


Z.: Quais soluções podem contribuir para a quarentena?

S.A.: Criar o passo a passo dos comandos para que auxilie a pessoa de mais idade a executá-los sozinha no celular. Gravar um vídeo explicativo também é uma boa ideia. Se a pessoa tem uma linha telefônica fixa na residência, você pode auxiliá-la a seguir o passo a passo de uma maneira que ela se sinta segura em avançar nos comandos necessários.

Uma observação: como a pessoa de mais idade pode sentir medo, insegurança, mesmo o passo a passo, por mais didático que seja, pode gerar paralisia, então é possível que ela necessite que, mesmo remotamente, você acompanhe o que ela está fazendo no celular.

Se ela tem um PC ou Notebook na residência, você pode usar uma plataforma de videoconferência e oferecer suporte remotamente como se fosse uma aula presencial.


Silvia Americano é formada em tecnologia pela Kyoei Falcon. É cofundadora da empresa Mais Ânima Atividades para o Bem Viver, onde desenvolveu o projeto Academia de Celular 50 Mais.


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