
De empresária a fotógrafa. Confira a história de Andrea Goldschmidt, que resolveu dar uma virada após entrar na fase dos "enta", ou, para nós, "do zenta"!
"Quando eu tinha 43 anos, resolvi me aposentar! Não aposentar no INSS - porque para isso ainda faltavam muitos anos de trabalho - mas me aposentar da vida de empresária e professora universitária, atividades às quais tinha me dedicado a vida toda.
Eu ainda me achava muito jovem pra não fazer mais nada de produtivo e, para falar a verdade, não sei quanto tempo aguentaria uma vida de 'dondoca'.
Resolvi voltar a estudar. Só que eu não queria fazer outro MBA ou estudar coisas que fossem importantes profissionalmente (e chatas!). Eu queria estudar coisas que me dessem muito prazer, que me divertissem, que me fizessem viver feliz!
Fotografia era um hobby que eu nutri a vida toda, mas que nunca teve muito espaço no meu dia a dia. Decidido! Eu me matriculei em um curso de fotografia super bacana, profundo, com dois anos de duração.
Aprendi muitas coisas novas. Grandes desafios. Tudo me fazia sair permanentemente das minhas zonas de conforto. Com o tempo, fui descobrindo que, mais do que técnica, uma fotógrafa precisa desenvolver um olhar e, para isso, ter um tema de interesse ajuda muito. Isso porque não é muito fácil achar esse caminho se você simplesmente sair por aí fotografando qualquer coisa.
Refletindo sobre que temas poderiam ser interessantes o suficiente para eu ter vontade de me debruçar e me dedicar por tempo suficiente para desenvolver o tal olhar fotográfico, tive uma epifania: viajar era uma outra coisa que eu gostava demais de fazer, que me divertia e me fazia feliz! E, claro, fotografia e viagem são duas coisas que vivem juntas! Beleza!
Resolvi fotografar as festas populares brasileiras. Montei um cronograma de viagens e parti para conhecer e registrar esses eventos. Foi curioso notar o quanto eu conhecia pouco a cultura popular brasileira. Foi deslumbrante poder viver de perto as emoções de tantas festas lindas que o nosso povo produz, mas foi muito, muito cansativo seguir o meu cronograma doido - que previa uma viagem por mês e foi seguido rigorosamente nos dois primeiros anos dessa aventura!
Diminui o ritmo. Comecei a escolher de forma mais pensada que festas queria conhecer, a que festas queria voltar e de que forma queria registrar as coisas lindas que presenciava por todo o Brasil.
Seis anos depois de começada essa jornada, já fotografei 39 festas populares diferentes. Para algumas delas eu fui por seis anos consecutivos! Minhas imagens foram ficando mais interessantes, construídas de forma mais pensada e menos impulsiva. Eu fui ficando menos deslumbrada com a beleza das festas e mais focada em seu espírito, na magia que cada uma delas transmite.
Ampliei o escopo do trabalho e, além de fotografias, comecei a fazer vídeos, trabalhar com imagens 360 graus, com realidade aumentada. Também comecei a ver a importância de pesquisar as origens das tradições nas festas, estudar antropologia, conhecer as motivações das pessoas que fazem tudo aquilo acontecer...
Enfim, os aprendizados não acabam nunca. Quanto mais me aprofundo no tema, mais tenho convicção de que ainda há muito a aprender, muito a conhecer. Um novo mundo se abriu na minha vida!
O que era um hobby virou uma nova forma de vida, uma porta para aprender muitas coisas novas, para conhecer muita gente interessante e, o melhor de tudo, sem as cobranças que a vida profissional geralmente traz.
Para mim, definitivamente, os “enta” estão sendo uma fase maravilhosa, desafiadora e divertida, cheia de aprendizados e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de juntar tantas coisas que aprendi ao longo da vida para me dedicar 'com mais eficiência' a algo que me encanta tanto!"
Andrea Goldschmidt tem 49 anos. Ex-administradora de empresas. Ex-professora universitária. Atualmente fotógrafa. Seu trabalho pode ser visto em www.festasbrasileiras.com.br ou no Instagram @andreagoldschmt


Comentarios