"Trabalhar com o riso é extremamente gratificante. Ele tem várias propriedades benéficas e, como diz o grande Patch Adams, lugar de palhaço também é no hospital", comenta a entrevistada de hoje do Portal Zenta. Venha conhecer essa história conosco!
"Meu nome é Raquel Budow. Tenho 57 anos. Sou jornalista, radialista, professora de português, agente do brincar, oficineira, contadora de histórias, empreendedora do cuidado social e faço sabonetes artesanais. Há uns quatro anos fui demitida de um emprego formal e tive de me reinventar profissionalmente, porque não estava fácil me recolocar na área de jornalismo, segmento em que atuo há 30 anos. Então, abri o leque de possibilidades, mas sem deixar de fazer trabalhos voluntários.
Sou filha de imigrantes e, desde pequena, meus pais me ensinaram a importância de ajudar os outros de alguma forma. Mas, entrar para um grupo voluntário com trabalho efetivo e regular, só ingressei em 1998, com 35 anos. Tinha trabalho formal e uma vida mais ou menos organizada e achei que era o momento de me doar mais ao próximo.
Como sou jornalista, em 1994 tive a oportunidade de acompanhar voluntários da ONG Arco-Íris, grupo de palhaços que fazia visitas a crianças internadas em hospitais usando as técnicas do clown (palhaço). Foi uma experiência muito legal: crianças submetidas a tratamentos abraçando, alegrando-se com os palhaços; familiares brincando e os profissionais de saúde se divertindo com intervenções simples e engraçadas dos narizes vermelhos. Lembro que voltei para casa e guardei uma calça estampada que tinha para, um dia, entrar para esse grupo. Quatro anos depois, eu me tornei a palhaça Quelzina, depois Quelzia, como me chamavam com mais frequência.
Trabalhar com o riso é extremamente gratificante. Ele tem várias propriedades benéficas. Por uns 10, 15 minutos ou enquanto durar a interação, podemos brincar com o lado saudável da criança e tirar o foco do que ela está vivendo naquele momento. Muitas vezes é a própria criança que propõe a brincadeira, externando uma vontade dela.
Neste momento, em que enfrentamos o Covid-19, os voluntários não podem ir às instituições. Tentamos fazer ações remotas e a tecnologia tem sido nossa aliada.
Atualmente, sou palhaça do Projeto Ri Comigo, do Hospital Israelita Albert Einstein, e frequento o residencial de idosos na Vila Mariana. Costumo ir aos domingos. Também sou contadora de histórias da Associação Viva e Deixe Viver e faço parte do grupo que visita a pediatria da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, contando e mediando histórias para crianças e jovens internados na instituição. Às vezes, trabalho em campanhas de arrecadação e doação para grupos de refugiados e de pessoas carentes.
Ser voluntária é muito importante para a minha vida. Quando faço essas visitas, me sinto muito privilegiada. Na maioria das vezes, sou apenas eu, claro, transmitindo alguma mensagem, mas conversando, brincando, rindo com alguém em um determinado momento que aceita essa interação e que ainda me responde com um sorriso, uma piscada, um beijo, um diálogo, um carinho... é sensacional.
E ler ou contar histórias é trazer fantasia, informação, identificação, surpresa, aprendizado, ou seja, um mundo de coisas recebido por jovens com brilho nos olhos. Muitos contam suas próprias trajetórias; outros inventam narrativas... é uma oportunidade única. Costumo dizer que ganho um combustível e tanto para o resto da semana.
Esses ambientes não são, com certeza, onde gostamos de encontrar as pessoas. Mas elas estão lá e os voluntários podem, por alguns minutos, modificar as situações que internados e residentes vivenciam.
Para quem gostaria de começar um trabalho voluntário, recomendo que comece. Tente fazer algo que gosta. E se dedique. Vai ajudar e aprender. Vai crescer, ser mais feliz e generoso.
Raquel tem 57 anos, é jornalista, radialista, professora de português, agente do brincar, oficineira, contadora de histórias, empreendedora do cuidado social e faz sabonetes artesanais.
Comentários