Saúde, educação para tecnologia, nutrição e turismo lideram aproximação com esse crescente público
ENTREVISTA: MARTIN HENKEL
ZENTA: Como os produtos podem ser adaptados para atender as reais necessidades do público 60+?
MARTIN HENKEL: Esta resposta não é simples e linear. Tudo depende do tipo de produto e sua função. Aqui na SeniorLab auxiliamos alguns clientes a perceber o quanto suas embalagens eram refratárias ao cliente, em especial às mulheres 60+, que por questões naturais perdem força nas mãos e dedos. Algumas embalagens eram inexpugnáveis. Isso atrapalha vendas.
Para desafiar o mercado e ajudar o consumidor nas suas escolhas, foi criada a Certificação Funcional, um processo que avalia as questões funcionais de embalagens, calçados, equipamentos e outros. É uma ação do Instituto Moriguchi, do IBTeC, da SeniorLab e da Clínica João Senger. A adesão é voluntária.
Z.: Quem é o consumidor 60+? Está correto retratá-lo como o avô ou a avó de antigamente, sempre prontos para ficarem em casa cuidando dos netos?
M.H.: A cada cinco ou dez anos temos um grupo distinto de pessoas entrando nos 60 anos. Cada um com suas realidades, vivências e atitudes em relação à vida. Os avós de 20 anos atrás ficaram no passado. Os novos 60+ são a geração que viu o nascimento do rock´n´roll no mundo e da tropicália no Brasil. São os grandes revolucionários dos comportamentos nos últimos 100 anos.
Cuidar dos netos não é mais a razão de viver dos avós. Nenhuma mudança em relação à intensidade do amor por eles, mas eles querem conciliar seus afazeres.
Z.: O setor bancário está preparado para lidar com o consumidor 60+?
M.H.: O processo de automação e digitalização dos serviços e relações bancárias deixa um pouco a desejar em algumas marcas e muito em outras. A User eXperience 60+ e a User Interface 60+ têm sido negligenciadas, o que afasta o cliente sênior das novas tecnologias. E isso é um total contrassenso justo no momento em que os 60+ estão invadindo a internet através dos seus smartphones e dos aplicativos como Facebook e Whatsapp. A simplicidade destas soluções precisa ser replicada nas soluções de relacionamento financeiro.
Z.: Quais os segmentos mais atrasados e quais os que estão melhor preparados para atender o público 60+?
M.H.: O segmento voltado à saúde é o mais preparado, depois o novo segmento de educação para uso de tecnologia (especificamente celulares), o segmento de nutrição e suplementação e o de turismo, que há muitos anos já percebeu que quem ocupa a hotelaria e os equipamentos turísticos na baixa temporada são os 60+. Vejo que teremos cenários bem diferentes pela frente. O mercado acordou e outros segmentos começam a se aproximar do consumidor 60+. Um divisor de águas foi o mercado da longevidade ter se tornado curso formal na Fundação Getúlio Vargas, ao qual tenho a felicidade e o desafio de ser um dos professores.
Martin Henkel
Fundador da SeniorLab mercado & consumo 60+
Professor da Fundação Getúlio Vargas
Diretor do Aging2.0 Chapter São Paulo
Cocriador da Certificação Funcional
Integrante do Núcleo 60+
Integrante do Núcleo de Residenciais Geriátricos do Sindihospa/RS
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