Buscar novos aprendizados e abandonar crenças limitantes podem contribuir para inserção
O profissional "zenta" conta com experiência e maturidade, que ajudam a tomar melhores decisões. Para saber como isso pode ser decisivo no ambiente corporativo, conversamos com a psicóloga Gisele Ventura Essoudry. Confira seus comentários:
Não é incomum que vários profissionais “zenta” estejam se sentindo perdidos. É fato que o mercado de trabalho sempre esteve em constante transformação, mas a revolução digital, somando-se à situação atual da pandemia, tem causado um impacto importante nessa geração de profissionais. Muitos se sentem ameaçados de perder espaço ou relevância.
Bem diferente do que há algumas décadas, atualmente o profissional maduro é ativo, procura estar “antenado” com as tendências e não está pensando em aposentadoria. E isso ocorre tanto em função da conjuntura econômica quanto pelos avanços da medicina e expectativa de vida, além de mudanças culturais.
Os sonhos profissionais desta geração, de modo geral, estavam ligados a estabilidade e segurança. Permanecer muito tempo em uma empresa contava muitos pontos para o currículo, assim como títulos, idiomas e diplomas em faculdades de primeira linha.
Na geração subsequente, acrescentou-se a importância do MBA e vivências internacionais, e permanecer muitos anos na mesma empresa tornou-se sinônimo de acomodação.
Atualmente, os títulos, a experiência internacional e uma sólida formação não perderam importância. No entanto, com tanta concorrência e pouca diferenciação, destaca-se quem desenvolve também a habilidade de se mostrar e se apresentar desejável para o mercado. E a facilidade com que os profissionais mais jovens têm para utilizar a tecnologia e as redes sociais é uma vantagem competitiva. Justamente para que isso deixe de ser vantagem, quem não nasceu conectado tem de aprender a se virar no universo digital.
Mas o que de efetivo os profissionais “zenta” podem fazer agora para estarem ativos no mercado?
A primeira coisa, penso que a mais importante, é a mudança de mentalidade. É imprescindível ressignificar ideias, quebrar paradigmas que podem estar impedindo esse movimento de retomada. Por exemplo, “já passei da idade”, “não conheço as tecnologias”, “estou desatualizado (a)”, etc. São as famosas crenças limitantes. Tenha em mente que você é muito mais do que um rótulo, um cargo, uma profissão, uma idade.
Lembre-se que a experiência e a maturidade contam pontos positivos no sentido de tomar melhores decisões, assim como a intuição mais aguçada, e para ser um profissional mais criterioso, realista e consistente nas suas ações.
É o momento de resgatar seus talentos adormecidos, desejos esquecidos. Faça uma volta no tempo. O que você acabou deixando de fazer por força das circunstâncias? Quais os seus interesses, habilidades que você tem ou gostaria de desenvolver?
Todos nós temos algo a oferecer e que outras pessoas precisam. Abandone o perfeccionismo, não espere as condições ideais aparecerem. Desapegue-se de imagens idealizadas, como cargos do passado e status. Disponha-se a aprender coisas novas. A internet é uma fonte infinita de cursos pagos e gratuitos.
Antes se falava muito em empregabilidade. Fiquei pensando em uma palavra que retrate os tempos atuais. “Trabalhabilidade” não existe e soa muito estranho. Mas seria desenvolver sua capacidade de trabalho, de oferecer algo, de estar presente no mercado. E é imprescindível aprender a arte da divulgação, utilizar as redes sociais. Mas muita atenção: a dinâmica da divulgação é outra. As pessoas não compram mais produtos e serviços. Elas adquirem conceitos, benefícios e experiências. Não basta mais ser confiável, competente e experiente. Você tem que saber transmitir isso, e muito bem. O cliente não contrata seus serviços, não compra seu produto. Ele compra você e o que sua imagem transmite.
Se antes era a venda pela venda, atualmente falamos de conexões, network, agregar valor para as pessoas. A venda é consequência de um desejo genuíno de ser útil, de contribuir.
Desenhe sua ideia. Você precisa de um objetivo definido, de um foco claro. De uma forma bem simples, faça dois círculos e em um deles coloque seus talentos, habilidades e interesses. No outro, escreva as possíveis necessidades que você detecta no mercado. E qual é a intersecção que se forma entre um e outro? Quais as necessidades do mercado que você poderia atender por meio do que você sabe ou pode aprender a fazer?
Lembre-se, você faz sua oportunidade, ela não baterá na sua porta.
Sugestão de leitura:
"A startup de 100 dólares" - Neste livro, Chris Guillebeau nos ensina como levar uma vida de aventuras, significado e propósito.
"Mindset – A nova psicologia do sucesso" – Carol Dwek
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