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Virando a Mesa no Zenta - Do tailleur e salto alto para agente transformadora de vidas



Entrevista com Denise Fracaro


ZENTA: Qual foi a sua grande "virada de mesa"?

DENISE FRACARO: Minha virada foi deixar uma carreira bem sucedida em marketing para começar do zero em uma área completamente diferente: sem CLT, sem salário fixo, sem plano de saúde...

Eu me formei em Administração de Empresas e fiz mestrado na FEA-USP. Trabalhei na extinta Itautec, fui demitida no plano Collor, tive uma empresa de pratos congelados por um ano, e voltei ao mercado em uma consultoria de marketing de varejo – onde trabalhei por quatro anos com empresas como O Boticário e IBM. Fui contratada pela Riachuelo como Gerente de Marketing responsável por toda a verba de propaganda e promoção. Até então, tudo bem tradicional: tailleur e salto alto, trânsito, estresse na veia e analgésico na bolsa; viagens, eventos, trabalho até tarde e fins de semana.

De repente, não mais que de repente, deixei os comerciais de 30 segundos em horário nobre para um longa-metragem particular: maternidade em dose tripla.


Z.: Em que idade e fase da sua vida isso ocorreu?

D.F.: Fiquei grávida aos 32 anos e não conseguia me imaginar trabalhando 12 horas por dia e ver minha cria apenas aos finais de semana, delegando o meu projeto mais importante a uma pessoa estranha.

Isso me fez desejar mudar tudo. Algo precisava mudar. Eu pedi mudança e ela veio em grande estilo: meu marido foi transferido para Nova York. Apesar de adorar o meu trabalho, fiquei extremamente feliz ao deixar a Riachuelo, onde trabalhei por dez anos. Minhas prioridades tinham mudado de forma irreversível.


Z.: Como foi o processo para essa mudança?

D.F.: Depois de dois anos e meio fora, retornei ao Brasil grávida de sete meses da segunda filha e, quando pensei que tinha fechado a fábrica de bebês, outra pequena chegou de surpresa. Quando ela nasceu, eu estava com 42 anos.

A dedicação à maternidade me manteve vários anos longe do mercado e mudou completamente meu ponto de vista acerca de trabalho e propósito de vida. Qual o valor disso tudo? O ritmo insano das grandes empresas tornou-se simplesmente impensável para mim.

Um pouco antes do nascimento da terceira filha, tive um convite para trabalhar em uma concorrente da Riachuelo, mas não quis nem investigar os detalhes da proposta. Voltar ao mundo corporativo e ficar o dia todo longe de casa estava fora de cogitação.

Entretanto, sempre tive vontade de fazer a diferença na vida das pessoas. Comecei então a fazer trabalho voluntário em uma ONG, dando aulas de inglês, português e criando eventos para arrecadação de recursos.

Nesse período, fiz curso de reiki – algo que nunca antes tinha passado pela minha cabeça. Como isso entrou na minha vida? Em um dia qualquer, minha mãe declarou, com toda naturalidade, que eu era reikiana. Como assim? Só que não. O efeito foi instantâneo, foi como abrir um portal para outro mundo.

Acrescentei o reiki ao meu leque de recursos ofertados na ONG e também todas as outras terapias que fui estudando na sequência: Cura Quântica Estelar, Aromaterapia, Cristais. Foram quase quatro anos de “estágio”, atendendo as funcionárias e algumas das crianças abrigadas.


Z.: Quais as principais dificuldades que enfrentou?

D.F.: Passar da fase de trabalho voluntário (gratuito) para o atendimento clínico foi um processo demorado e sofrido. Tive dificuldade de encontrar um local para trabalhar. Tinha também dificuldade para cobrar. Atendia a domicílio. Carregava pedras - meus cristais - para todo lado, mais os vidrinhos de óleos essenciais e oráculos. Visitei várias clínicas - sem sucesso. Em outras, tive problemas sérios de competição e "puxadas de tapete". O mundo corporativo ficou para trás, mas a competitividade está no ser humano. No mundo chamado "espiritualizado ou esotérico”, essa força pode vir de forma sutil e obscura.

A necessidade de reorganizar o suporte na família também era um desafio, pois o trabalho de gestora da casa e mãetorista continuava a pleno vapor, e o trabalho de terapia era muito instável.

O rendimento financeiro nem se compara ao trabalho em grandes empresas. Isso poderia exercer uma pressão extra, caso eu não tivesse um marido de bem com a grana. Aliás, o trabalho dele é ajudar as pessoas a ficarem ricas, então...


Z.: Quais os principais apoios/companhias/inspirações para conseguir?

D.F.: As principais inspirações foram colegas terapeutas maravilhosas que também eram mães, tinham seus desafios familiares e de saúde, como todo ser humano, e, nem por isso, desanimavam desse trabalho que, muitas vezes, extrapola o horário comercial.

Dedicação intensa e estudo constante.

Perceber a mudança na vida das pessoas traz tanta gratificação que não se pode calcular. Cada pessoa em paz consigo mesmo reflete essa paz em todos os seus relacionamentos diretos, indiretos e em toda a energia do planeta.

Z.: E os maiores benefícios que conquistou?

D.F.: Satisfação de estar cumprindo com o meu propósito de vida, que é ser um agente de transformação de vidas, e ainda ter tempo de estar com a família - acompanhar o crescimento e os desafios das meninas com estudos, escolhas, amigos, namorados é algo que não tem preço.


Z.: O que você falaria para alguém que pensa em "virar a mesa"?

D.F.: Vai fundo! Planeje a mudança, mas não muito. Não existe o momento perfeito, muita coisa aprendemos caminhando.

Se você tem clareza do que não gosta e não te satisfaz, isso já é o começo da mudança.

Se você ainda não tem clareza do que deseja, peça essa clareza aos seus guias e abra-se para receber os insights e convites que a vida vai te apresentar de formas inusitadas. Abra-se para a vida.

A vida é um presente!

Podemos desperdiçar esse presente apenas sobrevivendo, atendendo às expectativas dos outros, ou podemos nos banhar na beleza de ser quem somos.

Tudo é escolha.

Escolha conscientemente a sua vida.



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