ENTREVISTA: BETINA ABADI SZKLO, FONOAUDIÓLOGA
ZENTA: Qual é a abrangência do trabalho do fonoaudiólogo?
BETINA ABADI SZKLO: O fonoaudiólogo é o profissional da saúde que trabalha com a comunicação humana em todas as suas dimensões e ciclo de vida. Quando a comunicação vai bem, o processo de aprendizagem, as relações sociais e os aspectos cognitivos, emocionais das crianças, adolescentes, adultos e idosos também vão bem.
Z.: O que é disfagia?
B.A.S.: A palavra vem de "dys", que significa alteração, e "phagein", comer. Ou seja, é qualquer alteração ou dificuldade no processo de deglutição que ocorre no transporte do alimento da boca até o estômago durante a alimentação. Na disfagia, ocorre um desvio do alimento ou da saliva, obstruindo parcialmente ou completamente as vias respiratórias. Esse desvio pode ser facilitado pelo envelhecimento natural das estruturas envolvidas na deglutição (lábios, língua, bochechas, etc.).
Além do envelhecimento das estruturas, algumas doenças podem causar a disfagia, como AVC, doenças neurológicas, pós-cirurgias, etc. Ela pode surgir ainda devido a próteses dentárias mal adaptadas, ao refluxo gastroesofágico grave e após longos períodos de entubação.
Z.: Como identificar a disfagia?
B.A.S: Os sinais mais comuns são:
● Dificuldade de mastigar, preparar e manter o alimento dentro da boca;
● Tempo prolongado para engolir;
● Necessidade de engolir várias vezes para o alimento ou a saliva descer;
● Resto de comida dentro da boca;
● Dor ao engolir;
● Sensação de alimento parado na garganta;
● Escape de alimento pelo nariz durante a alimentação;
● Mudança na voz após engolir;
● Tosse ou pigarro constante durante a alimentação;
● Engasgos frequentes durante as refeições e ao engolir saliva;
● Falta de ar, perda de peso;
● Pneumonias de repetição;
● Falta de interesse em se alimentar;
● Necessidade de mudança na consistência dos alimentos.
Z.: Quais os efeitos da disfagia e como a fonoaudiologia contribui para o tratamento?
B.A.S.: As dificuldades para deglutir afetam a socialização e a autoimagem do indivíduo, bem como podem limitar a sensação de prazer que o ato de se alimentar proporciona, provocando impacto negativo na qualidade de vida.
O principal objetivo do trabalho fonoaudiológico com pacientes disfágicos é assegurar sua nutrição e hidratação, seja mudando padrões alimentares ou indicando, junto com outros profissionais, vias alternativas de alimentação.
Além disso, o fonoaudiólogo trabalha com terapia motora, sensorial e funcional, visando tônus, mobilidade e coordenação de lábios, língua, bochechas e palato (órgãos fonoarticulatórios); sensibilidade (tátil, gustativa e térmica); respiração, fonação, mastigação e deglutição.
Betina Abadi Szklo é fonoaudióloga formada pela PUC/SP em 1982. Exerce atividade clínica desde 1983, com especialização em fonoaudiologia clínica, nas áreas de motricidade oral, distúrbios de fala, distúrbios de linguagem oral e escrita e distúrbios neurológicos. Professora convidada no curso de SOS Respirador Bucal na instituição NEOM-RB pesquisa, educação e atendimento em odontologia. Fonoaudióloga responsável pelo setor de videodeglutograma no laboratório CRYA (Clínica Radiológica Yoshua Avritchir) desde 2007. Coordenadora do Programa Social fonoaudiológico e psicopedagógico voltado à comunidade judaica.
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